Luz

Instalações elétricas residenciais: como escolher a mais adequada

As instalações elétricas residenciais dividem-se em dois tipos básicos: monofásicas e trifásicas. Saber escolher a que mais lhe convém é determinante para o bom funcionamento energético da sua casa. Mas há muitos outros fatores a considerar.

Nesse sentido, queremos partilhar consigo este guia, onde encontrará todas as informações necessárias para saber como escolher a instalação elétrica ideal para a sua habitação.

Assim, vamos começar por definir o que é uma instalação elétrica, que tipos existem, o que diz a lei a esse respeito e que circuitos uma casa deve ter. Todas estas informações permitirão que faça uma escolha informada sobre a instalação elétrica de que necessita.

O que é uma instalação elétrica residencial?

Instalações elétricas residenciais

As instalações elétricas residenciais são o conjunto de aparelhos e circuitos associados com o objetivo específico de utilizar a energia que chega da ligação elétrica. Este elemento liga a rede de fornecimento elétrico à casa.

Os responsáveis pela distribuição da energia elétrica por toda a casa a partir do painel de controlo ou quadro elétrico são os circuitos elétricos. Cada um deles é controlado e protegido contra qualquer sobrecarga ou curto-circuito por um interruptor.

Outro elemento de segurança, que também protege os equipamentos e a estabilidade do sistema, é a ligação à terra, um caminho para que a corrente elétrica, em caso de algum tipo de falha (curtos-circuitos ou sobrecargas), siga o seu caminho até à terra. Isto evita que a corrente circule através das pessoas, expondo-as a eletrocussões, e dos equipamentos, evitando a sua deterioração.

Ter uma instalação elétrica completa e adequada não é apenas importante para a sua segurança e a das pessoas que partilham a sua casa, mas também para o seu conforto e para garantir que está em conformidade com a normativa em vigor.

Nesse sentido, o tipo de instalação que escolher deve levar em consideração aspetos como a potência contratada, o tipo de tarifa elétrica ou a possibilidade de adicionar novas tecnologias, como domótica, instalações de autoconsumo ou pontos de recarga para um carro elétrico.

Para continuar a esclarecer as dúvidas que possa ter sobre como escolher a sua instalação elétrica, vamos completar as informações fornecidas até agora.

Tipos de instalações elétricas em residências

Existem 2 tipos de instalações elétricas residenciais entre as quais pode escolher, tendo em conta a potência que precisa contratar para o correto funcionamento do seu equipamento elétrico.

Monofásica

A instalação monofásica é a mais comum. É atribuída a potências contratadas de até 10,35 kVA e conta com uma única corrente alternada.

As tensões normalizadas deste tipo de potência são estabelecidas em 230 volts.

Trifásica

A instalação trifásica tem 3 fases porque divide a potência da instalação entre cada uma delas. A sua tensão normalizada é normalmente adaptada a 400 volts. A potência contratada para este tipo de instalação começa obrigatoriamente em 10,35 kW, não podendo ser inferior.

De um modo geral, para saber que tipo de instalação tem, observe como são as suas proteções ou interruptores principais do quadro elétrico.

Se chegarem dois cabos, trata-se de uma instalação monofásica e se chegarem quatro, então é uma instalação trifásica. Também pode verificar a informação na sua fatura de eletricidade ou no seu boletim elétrico. Em qualquer caso, a sua fornecedora de energia poderá ajudá-lo.

Neste tipo de instalação, deve ter cuidado com os seus eletrodomésticos: se não forem trifásicos, os fusíveis irão disparar devido à ação do Interruptor de Controlo de Potência ou ICP.

No entanto, os tipos de instalações elétricas em habitações podem ser classificados de acordo com outros critérios técnicos e construtivos, para além do tipo de fornecimento (monofásico ou trifásico) que acabámos de ver. Mostramos-lhe isso nas secções seguintes.

De acordo com o tipo de residência

Se nos concentrarmos no tipo de residência, a instalação elétrica pode ser dividida entre:

  • Instalação elétrica numa casa unifamiliar. É uma instalação mais simples que é realizada de forma independente a partir da ligação, o que facilita a personalização. Atualmente, é comum prever pré-instalações de autoconsumo para painéis solares, carregadores de automóveis ou sistemas domóticos.
  • Instalação elétrica em prédios (blocos). Neste caso, partimos de uma estrutura comum em áreas como escadas, arrecadações, elevadores, etc., além de elementos individuais através de uma derivação específica com contador e quadro elétrico para cada piso. Ao planear a instalação, devem ser consideradas as normas comunitárias e as próprias necessidades do edifício.

De acordo com a configuração da cablagem

No que diz respeito à cablagem, existem duas possibilidades:

  1. Instalações embutidas. Neste tipo de instalação, a cablagem permanece oculta dentro de tubos nas paredes, pisos ou tetos. Oferecem maior segurança e proteção, pelo que são habituais em obras novas ou no âmbito de uma reforma.
  2. Instalações à vista. Neste caso, a cablagem é fixada nas superfícies, protegida por calhas. Pode ser útil em reformas rápidas ou quando as paredes da habitação impedem ou dificultam a manipulação. É o caso das paredes de pedra ou betão, por exemplo.

De acordo com a antiguidade

As instalações elétricas mais antigas podem não ter interruptores automáticos, diferenciais, tomadas de terra e circuitos independentes, conforme estipulado pelos regulamentos.

Por esse motivo, a sua atualização é uma questão prioritária para cumprir a normativa, mas também por razões de segurança e eficiência energética.

Que circuitos deve ter uma residência?

Os circuitos independentes constituem a instalação elétrica interior da habitação e alimentam os diferentes recetores instalados: pontos de luz e tomadas elétricas.

Sabe quais são os 5 circuitos básicos de uma residência? Vamos explicá-los e mostrar-lhe quais os equipamentos elétricos que alimentam:

  1. C1: todos os pontos de iluminação.
  2. C2: corrente de uso geral, do frigorífico e exaustor.
  3. C3: fogão e forno.
  4. C4: máquina de lavar roupa, máquina de lavar louça e aquecedor elétrico.
  5. C5: casas de banho e tomadas auxiliares da cozinha.

No entanto, a sua residência pode necessitar de circuitos adicionais, tais como:

  • C6: complementa o C1 com 30 pontos de luz.
  • C7: adicional ao C2. Instala-se um por cada 20 tomadas ou se a casa tiver mais de 160 m².
  • C8: alimenta o aquecimento elétrico (embora não seja necessário inicialmente, pode ser deixado preparado para o caso de ser necessário no futuro).
  • C9: ocupa-se do ar condicionado.
  • C10: alimenta a máquina de secar roupa.
  • C11: este circuito é muito interessante caso pretenda instalar um sistema domótico de automação na sua habitação.
  • C12: circuitos adicionais ao C3, C4 ou C5.

Seja como for, os circuitos de uma habitação devem ser planeados em função das necessidades e do equipamento da mesma, e de acordo com os regulamentos elétricos.

Como são organizados esses circuitos?

Todos esses circuitos elétricos são organizados no quadro elétrico de distribuição, que geralmente fica perto da entrada da casa. Esse centro de controlo elétrico contém:

  • Interruptores magnetotérmicos que protegem cada circuito, evitando sobrecargas e curtos-circuitos.
  • Interruptor diferencial. É responsável por desligar a instalação se houver fugas de corrente.
  • Interruptor de controlo de potência (ICP). Limita o consumo à potência contratada; se esta for excedida, dispara, cortando a corrente.
  • Proteções adicionais para proteger a sua instalação de sobretensões ou destinadas a instalações domóticas.

Esquema básico do quadro elétrico de uma residência

Embora o esquema de uma instalação elétrica deva ser adaptado à mesma, queremos partilhar um esquema básico de uma instalação doméstica para que possa consolidar o que foi comentado até agora:

  • Interruptor automático. Protege toda a instalação.
  • ICP: interruptor de controlo de potência.
  • PCS: protetor contra sobretensões.
  • Diferencial 1: primeiro diferencial que protege os circuitos C1, C2 e C3.
  • Diferencial 2: segundo diferencial que protege os circuitos C4, C5 e C6.
  • Proteção adicional: terceira proteção para novos circuitos. Pode ser um diferencial de alta sensibilidade ou que ofereça uma proteção específica, dependendo da sua finalidade.

Após estas precisões sobre os circuitos elétricos, chegou o momento de abordar o que diz a lei em relação às instalações elétricas.

Normativa para instalações elétricas em habitações em Portugal: o que diz a lei?

As instalações elétricas obedecem a uma série de normas estabelecidas, tanto para instalações de alta tensão como para instalações de baixa tensão.

No caso concreto das instalações elétricas de baixa tensão, habituais em habitações, estas são regidas pelo Regime das Instalações Elétricas de Serviço Particular, que tem vários objetivos:

  1. Garantir segurança e conformidade técnica das instalações elétricas de serviço particular.
  2. Simplificar e uniformizar procedimentos de projeto, execução, inspeção e exploração.
  3. Digitalizar e modernizar o controlo através da plataforma SRIESP, reforçando transparência e fiscalização.

Segundo o Decreto-Lei n.º 96/2017 estes objetivos são alcançados através de:

  • Regras claras e obrigatórias para o projeto, execução, inspeção e exploração das instalações elétricas, definindo responsabilidades para técnicos, entidades inspetoras e operadores de rede.
  • Utilização da plataforma eletrónica SRIESP, que centraliza o registo, controlo e certificação das instalações dos tipos A, B e C.
  • Procedimentos e modelos normalizados (termos de responsabilidade, fichas técnicas, relatórios de inspeção e certificação) aprovados por despachos da DGEG, garantindo uniformidade e rastreabilidade em todo o processo.

Quem pode realizar uma instalação elétrica?

Com base nesta norma, as instalações elétricas devem ser executadas por instaladores autorizados que têm de fornecer ao titular:

  • Certificado da instalação elétrica.
  • Instruções para a utilização correta e manutenção da instalação elétrica.
  • Esquema unifilar, também chamado diagrama unifilar, que é uma planta da instalação com as características técnicas fundamentais dos equipamentos e materiais elétricos instalados.

Qualquer modificação ou ampliação na instalação requer a elaboração de um complemento ao anterior, caso seja necessário.

Como se planeia a instalação elétrica de uma residência unifamiliar?

O planeamento da instalação elétrica numa residência unifamiliar começa pela avaliação da carga elétrica total. Esta é estimada com base em fatores como:

  • O número e tipo de equipamentos elétricos.
  • Sistemas de climatização e água quente sanitária (se forem alimentados por eletricidade).
  • A tecnologia que se prevê instalar: painéis solares, baterias, sistemas domóticos, ponto de carregamento para veículos elétricos, etc.
  • Potência contratada prevista.

Em seguida, trabalha-se na localização do quadro elétrico e no traçado interior da cablagem através de canalizações embutidas. Em residências unifamiliares, pode ser recomendável dividir a instalação por zonas (garagem, exterior, zonas comuns, etc.) ou pisos.

Os dois últimos passos consistem em ligar a moradia à rede geral através da ligação, realizar a derivação individual até ao contador elétrico e prever um espaço adequado para instalar o contador.

Em zonas rurais ou sem fornecimento, poderá ter de fazer um pedido prévio para ativar um novo ponto de fornecimento.

Quanto custa a instalação elétrica de uma residência?

O preço de uma instalação elétrica numa residência pode variar significativamente em função de fatores como o tipo de imóvel, se é uma obra nova ou uma remodelação, a complexidade do planeamento ou os materiais utilizados.

Em Portugal, não existe um preço único. Em qualquer caso, pode solicitar vários orçamentos para analisar qual o que melhor se adapta às suas necessidades.

Dicas para escolher a instalação elétrica mais adequada para a sua casa

A potência necessária para os seus eletrodomésticos e equipamentos elétricos determina o tipo de instalação elétrica mais adequada para si. Tenha em conta o seguinte resumo:

  • Monofásica. É o tipo de instalação mais adequado para si, desde que não exceda o limite estabelecido de 10,35 kW para 230 volts.
  • Trifásica. Se precisar de potência a partir de 10,35 kW, esta é a instalação de que necessita. É geralmente o caso de casas de campo ou habitações muito distantes do ponto de ligação com a distribuidora.

Em conclusão, se desejar alterar o tipo de instalação que tem na sua residência, deve comunicar a sua intenção à sua comercializadora, que será responsável por tratar do processo com a distribuidora e enviar-lhe-á um técnico autorizado.

Em termos de preços, o orçamento para a mudança de potência da sua instalação pode variar.

Não se preocupe, na Tudoluzegas.pt ajudamos-lhe a mudar de potência e a encontrar a melhor tarifa para si.

Publicado em