Saber qual a potência de luz a contratar é fundamental para cobrir adequadamente as necessidades energéticas de uma residência ou de um estabelecimento comercial, sem pagar mais na sua conta.
Contamos-lhe tudo o que deve ter em conta para escolher a potência elétrica mais adequada para a sua casa ou empresa. Tome nota!
A conta de luz inclui dois elementos fundamentais com os quais se calcula o preço a pagar: a potência elétrica contratada e o consumo de luz realizado.
Concretamente, a potência, também denominada termo de potência, é o principal custo fixo da luz, uma vez que é paga em cada fatura de acordo com os quilowatts (kW) do seu contrato, mesmo que não tenha utilizado a eletricidade.
Portanto, saber qual é a potência de luz ideal irá ajudá-lo a ajustar os custos fixos da conta e a entender melhor o que está a ser cobrado em cada mensalidade.
Existem duas situações em que é altamente recomendável que estude a fundo esta questão da potência de luz:
Convidamo-lo a rever connosco as particularidades de cada caso.
Se já tem um contrato de fornecimento de eletricidade e pretende otimizá-lo, o primeiro passo é saber quantos kW tem contratados. Uma das formas mais rápidas de descobrir esta informação é consultá-la numa das suas faturas de eletricidade, uma vez que é um dado que deve constar obrigatoriamente.
Pode encontrar a informação sobre a potência contratada na secção «Dados do fornecimento» ou «Dados do contrato» da sua fatura, juntamente com outros dados da instalação, como o código CPE, a morada de fornecimento ou o número do contador, embora isso dependa muito de cada comercializadora.
Como curiosidade e para que se faça uma ideia, a potência mais comum contratada nos lares portugueses ronda os 3,45 kVA e 6,9 kVA.
Depois de saber qual é a potência elétrica que tem contratada, deve consultar o tipo de instalação: monofásica ou trifásica. Atualmente, a maioria das habitações tem um sistema monofásico, mas, por precaução, deve certificar-se. Pode verificar esta informação na sua fatura de eletricidade ou no boletim elétrico do imóvel.
A principal diferença entre uma instalação monofásica e trifásica é que a monofásica não pode ultrapassar os 15 kW de potência, pelo que, se precisar de uma potência de luz superior, a instalação terá de ser trifásica obrigatoriamente.
Se ainda não tem um contrato de fornecimento com uma comercializadora, seja do mercado regulado ou do mercado livre, o primeiro passo é consultar o CIE da sua casa ou local.
Este documento, também conhecido como Certificado de Instalação Elétrica (CIE), é indispensável para registar ou alterar qualquer aspeto do nosso fornecimento de energia elétrica, incluindo a potência.
Que dados aparecem no CIE que são importantes para decidir que potência contratar?
Este último dado, o da potência máxima, como vimos anteriormente, dependerá de se a nossa instalação é monofásica ou não, uma vez que a potência máxima para as monofásicas é de 14,49 kW.
Em qualquer caso, a potência elétrica escolhida nunca poderá ser superior à potência máxima admissível indicada no CIE. Se precisar de contratar uma potência de luz superior, deverá solicitar um novo certificado CIE e, se necessário, fazer as alterações necessárias na sua instalação elétrica.
O fator de simultaneidade é um conceito fundamental na hora de calcular a potência a contratar numa casa ou empresa, que se baseia na probabilidade de utilização simultânea de determinados aparelhos elétricos.
Graças ao seu cálculo, poderá contratar uma potência adaptada às suas necessidades reais, ajudando-o a poupar energia.
Este fator é estabelecido através da seguinte fórmula:
Fator de simultaneidade = Potência máxima suportada pela sua instalação / Soma da potência de todos os aparelhos da sua casa ou empresa |
No entanto, como não é habitual que todos os equipamentos elétricos sejam ligados ao mesmo tempo, este fator é modulado com o coeficiente de simultaneidade, que tem em conta a probabilidade de utilização simultânea de determinados aparelhos.
Para calcular o coeficiente de simultaneidade, deve aplicar esta fórmula:
Coeficiente de simultaneidade = Soma das potências dos eletrodomésticos que vai utilizar em conjunto / Potência máxima da sua instalação |
De qualquer forma, preste atenção à secção seguinte, que lhe será muito útil para se orientar sobre os valores mais comuns.
Após descobrir as características da sua instalação elétrica e a potência contratada atual, é hora de calcular as necessidades energéticas da sua casa ou estabelecimento comercial.
Para fazer a estimativa da potência elétrica a ser contratada, pode usar duas abordagens:
Vamos ver o que deve ter em conta em cada tipo de cálculo.
Recomendamos que faça uma lista com todos os aparelhos elétricos que vai ligar, anotando a potência que cada um deles requer para funcionar (geralmente indicada nas instruções e, por vezes, no próprio aparelho), para depois somar esses dados. O valor total obtido é o que se denomina potência instalada.
Na tabela seguinte, apresentamos uma média da potência que cada tipo de eletrodoméstico consome, para que tenha uma ideia rápida da potência que poderá precisar de contratar.
Equipamento |
Potência (em kw) |
|---|---|
Frigorífico |
0,25 - 0,5 kW |
Vitrocerâmica |
0,9 - 2,0 kW |
Máquina de lavar roupa |
1,5 - 2,2 kW |
Máquina de lavar loiça |
1,5 - 2,2 kW |
Forno |
1,2 - 2,2 kW |
Exaustor |
0,07 - 0,2 kW |
Micro-ondas |
0,8 - 1,1 kW |
Televisão |
0,15 - 0,5 kW |
Computador portátil |
0,18 - 2,0 kW |
Aquecimento elétrico (consumo baixo) |
0,4 - 0,8 kW |
Ar condicionado |
0,9 - 2,2 kW |
Assim, obterá uma estimativa aproximada da potência elétrica necessária, que nunca deve ser inferior à do aparelho elétrico de maior potência.
Também deve verificar quantos aparelhos vai utilizar ao mesmo tempo, pois se alguns forem utilizados esporadicamente, talvez possa contratar uma potência elétrica menor.
Muitas vezes, o segredo não está tanto na quantidade de energia que consome, mas em como e quando a consome.
Outra forma de calcular a potência de luz a contratar é tendo em conta a superfície da habitação ou local e o seu equipamento em aparelhos elétricos.
Para isso, são estabelecidos três níveis de classificação:
Sugerimos que dê uma olhada na seguinte tabela de potências elétricas recomendadas de acordo com os metros quadrados da sua casa ou local e o seu nível de equipamento elétrico.
Superfície (em m2) |
Equipamento básico |
Equipamento médio |
Equipamento elevado |
|---|---|---|---|
Até 60 m2 |
3 kW |
3,45 kW |
4,6 kW |
Até 90 m2 |
3,45 kW |
4,6 kW |
5,75 kW |
Até 140 m2 |
4,6 kW |
5,75 kW |
6,9 kW |
Mais de 140 m2 |
5,75W |
6,9 kW |
8,05 kW |
Depois de ter uma ideia mais definida da potência elétrica a contratar, deve ter em conta que a potência elétrica é comercializada em escalões, que variam consoante a sua instalação elétrica, seja ela monofásica ou trifásica.
Fornecemos-lhe uma tabela de potências normalizadas, consoante o tipo da sua instalação elétrica.
Instalação monofásica (230 V) |
Instalação trifásica (3*230/400 V) |
|---|---|
0,345 kW |
1,039 kW |
0,69 kW |
2,078 kW |
0,805 kW |
2,425 kW |
1,15 kW |
3,464 kW |
2,3 kW |
6,928 kW |
3,45 kW |
10,392 kW |
4,6 kW |
13,856 kW |
5,75 kW |
17,321 kW |
6,9 kW |
20,785 kW |
8,05 kW |
24,249 kW |
9,2 kW |
27,713 kW |
10,35 kW |
31,177 kW |
11,5 kW |
34,641 kW |
14,49 kW |
43,648 kW |
Deve saber que se a sua instalação elétrica não deve exceder os 15 kW, ou seja, se for monofásica, tem a possibilidade de contratar potências em múltiplos de 0,1 kW.
Lembramos também que os utilizadores com fornecimentos inferiores a 15 kW — quase todos os domésticos e pequenas empresas — têm a possibilidade de escolher duas potências diferenciadas, de acordo com dois horários diferentes: ponta (mais caro) e vazio (mais barato). Explicamos as diferenças entre os horários de potência no seguinte artigo.
A potência mínima de luz que normalmente pode ser contratada é de 1,15 kW para instalações monofásicas e 3,64 kW para instalações trifásicas, embora não se trate de potências funcionais nem para vivendas, nem para locais com um equipamento elétrico mínimo.
Na verdade, algumas empresas podem estabelecer uma potência mínima de 2,5 kW para instalações monofásicas e de 3,64 kW para instalações trifásicas.
Em qualquer caso, a potência mínima depende da sua habitação, dos seus hábitos como consumidor de eletricidade e da eficiência dos seus equipamentos.
Compreendendo isto, a potência mais baixa que deve contratar é a mais adequada às suas necessidades. Tenha em conta que, se contratar menos do que realmente precisa, o seu interruptor de controlo de potência ou ICP irá disparar continuamente.
Além disso, se, por qualquer motivo, tiver instalado um limitador e exceder regularmente a potência contratada, poderá estar sujeito a penalizações económicas.
De acordo com a regulamentação, a potência máxima de eletricidade que pode contratar para uma habitação residencial é de 15 kW, independentemente de se tratar de uma instalação monofásica ou trifásica.
Isto porque, a partir daí, é necessária uma instalação de alta tensão, habitual em grandes consumidores, como os que se dedicam a atividades industriais ou comerciais de grande envergadura.
Idealmente, para realizar uma boa gestão energética da sua habitação, pode calcular, tal como explicámos, a potência mínima recomendada conforme os seus hábitos de consumo e o tipo de eletrodomésticos que possui.
A partir daí, pode ir aumentando em 0,1 kW à medida que o seu consumo evolui. Desta forma, garante uma potência personalizada que não aumentará inutilmente o termo fixo da sua fatura.
Se precisar de aumentar a potência da eletricidade, pode fazê-lo entrando em contacto com a sua empresa fornecedora através dos canais que ela disponibiliza para esse tipo de procedimento. Normalmente, pode fazê-lo dirigindo-se pessoalmente aos balcões da empresa, ligando para o número de atendimento ao cliente ou através de um canal online.
Após informar a sua empresa sobre a sua intenção de aumentar a potência, terá de fornecer uma série de documentos que geralmente são os dados de identificação do titular do contrato e do ponto de fornecimento, além do Certificado de Instalação Elétrica (CIE).
Isso é necessário para verificar se a sua instalação pode suportar o aumento de potência, uma vez que nele aparece o valor máximo que pode suportar.
Caso pretenda ultrapassar essa potência máxima, deve solicitar um novo certificado tal como o aumento da potência junto da sua fornecedora.
Pode reduzir a sua conta de eletricidade contratando, sempre que a sua tarifa o permitir, a potência mais elevada nas horas de vale e concentrar a utilização dos eletrodomésticos de maior consumo nesse horário.
Dado que muitas horas correspondem à noite ou a momentos em que pode não se encontrar em casa, pode programá-los com tomadas inteligentes.
Assim, contratar uma potência adaptada ao seu perfil de consumidor é tão importante quanto conseguir uma tarifa que atenda às suas necessidades.
Em Portugal o principal e mais importante imposto é o IVA, que incide sobre a eletricidade a 23%, uma percentagem muito superior à de outros países da União Europeia.
Para além deste, temos também o imposto especial de consumo de eletricidade (IEC), a taxa de exploração da direção-geral de energia e geologia, a contribuição para o audiovisual (CAV) e o ajuste MIBEL.
Pode verificar a sua empresa de distribuição de eletricidade (a que fornece eletricidade à sua casa ou empresa) consultando o número CPE na sua fatura.
Pode saber em que companhia de eletricidade está inscrito olhando diretamente para a sua fatura. No topo da sua fatura da luz (em papel ou em formato digital) verá a empresa que lhe fornece a eletricidade. Poderá também ver qual é a sua companhia na sua fatura bancária, se tiver um débito direto para este fornecimento.